Carta 065: O simbolismo do Novo Mundo
Há duas formas de ver o Novo Mundo: a protestante, errada, mas otimista; e a católica, certa, mas pouco atraente. Uma delas vem de satanás.
Quando Cristóvão Colombo aportou no Caribe, em 1492, ele não tinha a intenção de criar um Novo Mundo. Quando se percebeu a esquadra do genovês chegara a um «novo» continente, e não às Índias, logo ficou claro que o Império Espanhol tinha em mãos a oportunidade não apenas de expandir seu domínio, mas de arrebatar à Cristandade mais almas. Dali a alguns anos, no início da Reforma Protestante, ficou óbvio que a Providência dera aos ibéricos a oportunidade de recuperar com juros os fiéis que Lutero levara.
Assim, o conceito de Novo Mundo é inicialmente uma idéia extra-dimensional. Colombo, como os outros exploradores, descobriu um mundo intocado. O Novo Mundo, com seu clima, vegetação e povos diferentes, era antes uma operação de preservação sob o signo da Cruz, do que de exploração e construção. Como disse Ramiro de Maetzu, «não há instituição mais sólida na América que a pequena congregação». Isto é, a colonização da América é um projeto de fé, não de economia.