Carta 064: Por que geopolítica?
Esta newsletter não é sobre análises da situação do mundo, mas termina sendo
Desde a invasão do Hamas em 7 de outubro último à rave organizada pelo pai do Alok em Israel que estas Cartas da Tradição têm se debruçado no assunto política. Política não é o nosso meio de vida aqui. Mas se tornou. Por quê?
A primeira e mais importante coisa é entendermos que não vivemos no ar. Nossos interesses em arte, religião, esoterismo, ciências tradicionais refletem a constituição duma ordem integral do ser. Essa ordem se dá no plano físico do ser, no tempo em que vivemos. A ordem em que os outros vivem, também. Entender por que os outros —no caso da «política» e da «geopolítica», os líderes, as potestades humanas— agem como agem facilita a compreensão do contexto em que vivemos. Também ajuda a medir a distância que percorremos entre o mundo da tradição e esta fase de declínio em que vivemos.
No primeiro texto que dediquei ao assunto do conflito em Gaza fiz questão de considerar que existia um lado escatológico no conflito. Muitos líderes palestinos, como Ehud Barak, têm se lembrado que o Estado de Israel comemorará seus oitenta anos em breve, só que nunca jamais Israel teve autonomia política por mais de oitenta anos. Conquistar Gaza e trucidar palestinos (ou seja, a oposição ao domínio judaico absoluto no território) é crucial para que Israel garanta sua sobrevivência para além dos oitenta anos aparentemente regulamentares.