Carta 026: Dixon Ticonderoga #2
A compra dum simples lápis me desencadeou uma reflexão cosmológica
Nenhum de nós, absolutamente nenhum de nós está a salvo. Se você sabe o que é um Dixon Ticonderoga #2, sabe o poder absolutamente implacável que esse objeto pode ter.
Sabe aqueles lápis amarelos da borracha rosinha que normalmente aparecem em filmes e séries americanas? Há muitas marcas de lápis nos Estados Unidos, mas a Dixon Ticonderoga é a principal, a mais americana das marcas.
Na semana passada, comprei dez lápis desse tipo. Não comprei Dixons. Podia, mas não o fiz. Comprei da lápis da Molin, que são tão amarelos e têm a borracha tão rosa quanto os da Dixon. Mas comprei. Precisava ter comprado? Precisava. Compro sempre de muitos lápis. Em geral, minha escolha é pelo Faber-Castell Max #2, de corpo preto ou verde-escuro. Só que na semana passada tive a oportunidade adquirir de um Molin Office Yellow. O mesmo yellow dos lápis que estão aí nos filmes e nas séries, nas fotos de «autores» e «intelectuais», nas imagens que povoam os afrescos da nossa imaginação sobre como são os high schools e as bibliotecas dos colleges dos grandes e imensos Estados Unidos.
O Molin, tenho certeza, terá a mesma qualidade do Faber-Castell. Os dois são da mesma intensidade: Hard Bold 2. Deixarão grafite preto em qualquer papel de minha escolha. Só que a Faber-Castell, que eu saiba, não vende seus Max em cor amarela aqui no Brasil. E isso fez toda diferença, dessa vez.
Que estranha coisa é o «objeto de desejo».